Grupos musicais de Angola nos anos 50 e 60
Os anos 50 e 60 foram períodos cruciais na história musical de Angola, marcados pelo surgimento e consolidação de grupos que desempenharam um papel fundamental na formação da identidade cultural do país.
Entre esses grupos destacam-se o N’gola Ritmos, Kiezos e Os Jovens do Prenda, coletivos que contribuíram para a evolução e popularização da música angolana.
Relembre a história destes três grupos emblemáticos de Angola!
N’gola Ritmos
Formado em 1947 por Nino Ndongo, Domingos Van-Dúnem, Mário da Silva Araújo, Liceu Vieira Dias e Manuel dos Passos, o conjunto N’gola Ritmos é um dos grupos angolanos mais importantes do século XX.
O propósito do coletivo era salvaguardar a cultura angolana e consolidar a identidade nacional como resposta à imposição colonialista, que reprimia todas as expressões culturais indígenas. Assim, entoavam principalmente canções de origem popular, na língua kimbundu.
O conjunto se apresentava em eventos para amigos, aniversários, festas, espetáculos e também no Bairro Operário, zona periférica de Luanda onde estimulavam o movimento pela independência.
Algumas de suas principais canções são “Kwaba Kuale”, “Mbiri Mbiri” e “Muxima”. O trabalho do N’gola Ritmos influenciou o trabalho de diversos outros grupos, como Kiezos, Jovens do Prenda, entre outros.
Os Kiezos
Fundados em 1965 por Marito, Kituxe, Adolfo Coelho e Avozinho, os Kiezos já tiveram mais de 30 músicos em sua formação desde o nascimento. A actual composição, chamada de “segunda geração”, é composta por Brando Cunha, Zeca Tiri Leno, Carlos Timóteo, José Farias, Habana Maior e João Pedro. Eles estão à frente do grupo desde 1980.
Os Kiezos sempre mantiveram a sua essência centrada no semba, um estilo musical originário da região de Luanda, cantado na língua kimbundu. Mesmo ao interpretar outras músicas, a raiz permanece inalterada, sendo o semba a base fundamental.
O grupo ficou muito conhecido nas festas de quintais e tocava em matinês infantis e bailes para os adultos. Com um público majoritário acima de 40 anos, ainda hoje leva multidões por onde quer que passe, lotando os salões com alguns dos seus principais hits, como “Princeza Rita”, “Saudades de Luanda” e “Milhorró”.
Jovens do Prenda
Os Jovens do Prenda é um grupo-orquestra angolano que surgiu em 1968 no bairro do Prenda, em Luanda, um dos primeiros grupos de Angola a ter reconhecimento internacional.
e pandeireta), Inácio (tumbas baixo), Zé Gama (viola baixo) e Chico MonSua primeira formação contava com Didi da Mãe Preta (vocal e dikanza), Sansão (vocal tenegro (caixa ou tambor solo).
O grupo possui uma sonoridade diferenciada, que advém da fusão de ritmos locais, o semba e rumba, com forte influência do Doutor Nicó, um influente cantor que fez história na cena musical da República Democrática do Congo.
Alguns de seus maiores sucessos são “Manhã de Domingo”, “Ngenda ni ubeka” e “Mutudi”. Actualmente, o grupo é composto por Didi da Mãe Preta (dikanza e vocalista), Carlitos Kalili (baixo), Zé Luís (guitarra ritmo), Josué (teclado), Charles (guitarra solo), Baião (guitarra contra solo), João Diloba (baterista), Esteves Bento (congas), Augusto Chakaya, Dom Caetano, Mizinga e Miau (coros e vocalistas).
A sua importância para o país
Estes grupos não apenas ofereceram entretenimento para o povo angolano, mas também foram agentes de expressão cultural e social, transmitindo mensagens relevantes sobre a identidade de Angola, a luta pela independência e as experiências da população.
As suas contribuições notáveis moldaram o cenário musical angolano dos anos 50 e 60, influenciando as gerações subsequentes e deixando um legado que perdura até os dias atuais.